“É do sonho dos homens que uma cidade se inventa”
Roberto Gusmão*
Encravado em uma das maiores e mais preservadas áreas da Zona Sul, o terreno do antigo Aeroclube irá ganhar um novo uso e sentido para a população que mora ou que circula pelo Pina. Apresentado à sociedade recentemente, o Projeto Aeroclube, construído coletivamente com a ouvida de diversos setores e minuciosamente elaborado, representa também o compromisso social da gestão com a construção de dois habitacionais com 600 apartamentos para a população que mora nas palafitas da Comunidade do Bode, com obras iniciadas em agosto e previsão de entrega no prazo de 12 meses com aportes da ordem de R$ 49,2 Milhões executadas pelo Programa Minha Casa Minha Vida.
Importante frisar que, na semana subsequente ao anúncio da construção dos Habitacionais, o Governo Federal anunciou o desmonte final do programa Minha Casa Minha Vida ao repaginar a linha de financiamento sob o nome de Casa Verde Amarela. Entretanto, o novo formato deixa de fora justamente a população mais vulnerável, com faixa de ganhos até R$ 2 mil mensais, hoje contempladas dentro do Minha Casa Minha Vida, inviabilizando futuros projetos de habitações populares direcionadas aos mais pobres em um cenário econômico no qual os investimentos públicos de natureza federal são os menores de toda a história recente.
Entretanto, o Projeto Aeroclube é muito mais amplo e representa um marco do urbanismo na cidade, pois também prevê obras de infraestrutura para a comunidade do bode como Sistemas de Abastecimento de Água, de tratamento de esgotamento sanitário e intervenções viárias, recuperação de moradias, construção de creche para a comunidade e uma UPA 24h. O compromisso ambiental do projeto também garante que aproximadamente 50% do terreno seja de área verde, com a preservação de 45 mil m² de mangue e recuperação de 7 mil metros quadrados da vegetação típica de nossos estuários litorâneos. No compromisso e respeito com a memória do local, haverá a preservação de parte da antiga pista do aeroclube e a construção de um memorial.
Também de forma híbrida, o projeto incluirá um parque urbano, que será o maior da cidade, com 11,9 hectares. Um parque de todos e para todos do Recife. O equipamento promete soluções modernas e eficazes para todas as faixas etárias com parque infantil, mobiliário urbano inclusivo, campo de futebol, pista de skate, quadra polivalente, parcão, circuito de bicicleta, pista de Cooper, anfiteatro ao ar livre, academia inclusiva e uma área para caminhada às margens do Parque dos Manguezais, promovendo uma conjunção harmoniosa entre a sociedade e natureza.
No cômputo geral, cerca de 87% de todo o terreno terá destinação para áreas verdes e obras públicas. Na atual situação do país, de restrições orçamentárias impostas por uma crise econômica que se arrasta há cinco anos e do quadro sombrio que se avizinha num futuro pós-pandemia, é preciso soluções criativas e responsáveis que atendam aos interesses da maioria do povo.
Diante deste quadro nacional e da necessidade de um investimento de cerca de R$ 100 milhões, a Prefeitura da Cidade do Recife destinou uma área de cerca de 13% do total do terreno apta para venda direta a empreendedores através de Concorrência Pública ou Leilão, com segurança jurídica e legalizações necessárias, a fim de viabilizar o conjunto de aportes que incluem, entre outras coisas já citadas, toda a urbanização da área de onde serão deslocados os moradores das palafitas, garantindo estruturas para processamento de mariscos e crustáceos, base do sustento dos moradores das ocupações. Trata-se de uma solução moderna e autofinanciável, que garante à próxima gestão a execução do projeto global a partir de todos os projetos executivos, já em fase final de entrega e sem dependência de qualquer aporte externo.
Por isso tudo, e sob a coordenação do engenheiro Teógenes Leitão e participação de diversas Secretarias envolvidas, o Projeto Aeroclube será uma referência na cidade com uma proposta de urbanismo moderno e inovador que atende a grande maioria do nosso povo, notadamente de quem mais precisa, com uma solução economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa. Pois como diria o poeta Carlos Pena Filho, ‘é do sonho dos homens que uma cidade se inventa’.
*Secretário de Infraestrutura do Recife
Sempre
bom ter dicas de leitura https://bit.ly/310BQuN
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