Dois programas e o fato fortuito
Luciano Siqueira
“Programa” é o termo
usual, melhor seria dizer “plataforma” eleitoral. Refiro-me ao conjunto das
propostas de governo dos candidatos a prefeito na campanha que se iniciará
oficialmente dentro de alguns dias.
O programa
propriamente dito é formulado pelo governante e sua equipe quando de fato
inicia a gestão. O Plano Plurianual (PPA) e a Lei Orçamentária Anual (LOA), a
serem encaminhadas à Câmara dos Vereadores até meados do ano, é que consignam
de fato o programa de governo.
Na campanha são
apresentadas propostas abrangendo uma série de desafios que se apresentam na
cidade e com que as candidaturas tentam se diferenciar entre si.
Isto perpassado por
componentes outros da cena eleitoral que mesclam razão e emoção e se
entrelaçam, em maior ou menor grau, com a questão nacional — particularmente
nas capitais e cidades grandes e médias.
No pleito que se
inicia, o governo Bolsonaro tende a ser um divisor de águas entre os
contendores, ainda que a peleja tenha um inevitável caráter local.
Então, prefeitos e
prefeitas que assumirem em janeiro terão que conduzir debaixo do braço dois
“programas“: um emergencial, focado nos três primeiros meses de governo; o
outro abrangendo o mandato de quatro anos.
Na grande maioria dos
casos, o novo governante encontrará prefeituras desgastadas pela batalha da
pandemia do novo coronavírus, provavelmente depauperadas financeiramente. E uma
tremenda crise social batendo à porta.
Entretanto, a nova
gestão terá que assegurar no início do ano letivo, o material didático e
fardamento escolar, escolas fisicamente aptas a receber alunos e professores,
merenda escolar equacionada; coleta e destinação do lixo; funcionamento pelo
menos razoável das unidades de saúde; paga mento do funcionalismo em dia, ações
de mitigação do desemprego e da pulverização do trabalho informal, etc.,
componentes do “programa emergencial”.
A posição do novo
governo sobre os desafios estruturais, digamos assim, da cidade — mobilidade
urbana, desenvolvimento econômico, sustentabilidade ambiental, educação, saúde,
mobilidade urbana, segurança, etc. darão o conteúdo essencial do programa de
governo propriamente dito a se traduzir no PPA e na LOA.
São armas
indispensáveis ao bom combate, a serem esgrimidas nos debates e entrevistas.
Mas bem sabemos que
um misto de emoção e razão comparece em todas as porfias e frequentemente não
são os “programas“ que definem a opção da maioria do eleitorado por esta ou
aquela candidatura.
O fato fortuito, o
“detalhe” preponderante num dado momento, características pessoais de
candidatos e candidatas muitas vezes “roubam a cena”, alteram a correlação de
forças e definem a parada.
Ou seja, por melhores
que sejam as propostas para a cidade, se vence ou se perde pela condução
tática.
Veja:
Desemprego no centro da batalha eleitoral https://bit.ly/2X75FJ6
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