A submissão
de Bolsonaro ao senhor da guerra de Trump
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A recepção por parte do governo brasileiro ao secretário de
Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, em Boa Vista, capital do estado de
Roraima, com uma comitiva chefiada pelo ministro das Relações Exteriores do
Brasil, Ernesto Araújo, é uma prova de total subserviência ao imperialismo
estadunidense. Esse périplo do representante da Casa Branca começou pela Guiana
e se estende à Colômbia, países que fazem fronteira com a Venezuela.
A viagem, por óbvio, foi
arquitetada para sinalizar um acordo na região para empreender uma ofensiva
contra a soberania venezuelana. Isso num cenário em que o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta um processo eleitoral adverso à sua pretensão
de continuar à frente da Casa da Branca.
Ele está em desvantagem nas
projeções eleitorais – na Flórida, onde residem 200 mil exilados venezuelana,
as projeções indicam que a eleição está empatada – e tenta fortalecer sua
campanha pregando sabotagem e guerra contra o povo venezuelano. O sentido da
viagem de Mike Pompeo, portanto, é geopolítico, estratégico e eleitoral.
A atitude do governo Bolsonaro rompe a tradição diplomática
brasileira de evitar intervenção na América do Sul, resolvendo os conflitos por
meios diplomáticos e entendimentos bilaterais, ou com fóruns multilaterais. Ao
mesmo tempo, ajoelha-se perante a estratégia estadunidense de tratar a América
do Sul como quintal da Casa Branca.
Como sublinha a líder do PCdoB
na Câmara dos Deputados, deputada Perpétua Almeida: “Não se pode admitir uma
ingerência externa que coloque em risco os preceitos da integração pacífica em
nossa região. Vale lembrar que, historicamente, somos favoráveis à resolução
pacífica dos conflitos é autodeterminação dos povos.”
Essa viagem também só é
possível por conta da contraofensiva dos Estados Unidos empreendida nos últimos
tempos na América do Sul. No período iniciado em 1998, com vitória de Hugo
Chávez nas eleições presidenciais da Venezuela, e depois com o triunfo
presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, a América do Sul viveu um
ciclo de governos democráticos, populares patrióticos, possibilitando a sua
união, com fóruns como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), abrangendo
questões econômicas, políticas e de defesa.
Mas veio a reação imperialista, com golpes de Estado de tipo
novo, atingindo, além do Brasil, o Equador, a Bolívia e o Paraguai. A
intensificação das hostilidades à Venezuela se insere nesse cenário. E está
rigorosamente em linha com os preceitos da chamada Doutrina Monroe, cuja slogan
é “A América para os americanos”, discurso imperialista muitas vezes posto em
prática ao longo da história.
Outro país que está achando no
mínimo estranha a visita de Pompeo é a Guiana. Historicamente um dos países
mais pobres da América do Sul, nunca havia recebido a visita de um secretário
de Estado dos Estados Unidos. A visita ocorre agora que o país pode chegar a
crescer economicamente 90% esse ano devido a recentes descobertas de petróleo.
Há grandes interesses
econômicos, além da disputa com a presença da China, que investe na região. É
nesse contexto que o governo Bolsonaro estende tapete vermelho para receber com
todas honrarias o secretario Estado, que vem com a missão clara de fazer
ameaças de guerra à Venezuela.
Veja: Criminoso desmonte do Estado nacional
https://bit.ly/2R5RfFB
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