Investimentos estrangeiros no país caíram 85% em agosto, diz BC
Desde o início da pandemia, o
Brasil recebe menos investimentos de fora; foram US$ 1,4 bilhão, ante US$ 9,5
bilhões em agosto passado
Larissa Garcia, Folha de S. Paulo
Os investimentos diretos
de estrangeiros no país caíram 85% em agosto, na comparação com
o mesmo mês de 2019, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (23) pelo BC
(Banco Central).
Esse
tipo de investimento é feito por multinacionais e voltado ao incremento de
atividades econômicas locais, assim, estabelece um relacionamento de médio e
longo prazo das empresas com o país. Historicamente, é uma importante fonte de
recursos para o crescimento interno.
Desde
o início da pandemia do novo
coronavírus, o Brasil recebe um menor volume investimento
estrangeiro. Além da crise sanitária, o país convive com crises políticas e
ambientais, o que também impacta a decisão de investidores.
Em
agosto desta ano, as aplicações somaram US$ 1,4 bilhão, ante US$ 9,5 bilhões em
agosto do ano passado.
Mesmo
na comparação mensal, houve redução. Em relação a julho, quando o país
registrou o ingresso líquido de US$ 2,7 bilhões, a queda foi de 48%.
Em junho, o valor chegou a US$ 4,8 bilhões, maior cifra mensal
em meio à crise sanitária. O menor valor foi registrado em abril, de US$ 1,15
bilhão.
Para
setembro, o BC estima US$ 2 bilhões em investimentos diretos no país. Dados
preliminares, até a última sexta-feira (18), mostram que US$ 1,2 bilhão já
tinham sido investidos.
“Diferentemente
dos investimentos em portfólio [ações e títulos], que são mais voláteis, os
investimentos diretos são decisões de longo prazo e são menos impactadas por
movimentos pontuais. Assim, a recuperação deve ser mais gradual”, ponderou
Fernando Rocha, chefe do departamento de estatística do BC.
No
acumulado de 12 meses, os investimentos no país foram de US$ 54,5 bilhões, o
equivalente a 3,51% do PIB (Produto Interno Bruto). Trata-se do menor resultado
desde agosto de 2010. “Se a estimativa do BC para setembro estiver correta, o
acumulado deve chegar a aproximadamente US$ 50 bi”, disse Rocha.
Já os investimentos de brasileiros lá fora mostram um movimento oposto. Em agosto, as aplicações líquidas no exterior somaram US$ 1 bilhão, quase o dobro do registrado no mês anterior.
Já os investimentos de brasileiros lá fora mostram um movimento oposto. Em agosto, as aplicações líquidas no exterior somaram US$ 1 bilhão, quase o dobro do registrado no mês anterior.
Em
julho, os investimentos diretos de brasileiros no exterior foram positivos pela
primeira desde fevereiro, com US$ 663,3 milhões.
Com
a chegada do vírus ao Brasil, a diferença entre entradas e saídas de
investimentos em outros países vinha negativa, o que caracteriza
desinvestimento, quando a empresa brasileira retira dinheiro ou fecha as portas
da filial no exterior, por exemplo.
As contas externas brasileiras fecharam agosto com resultado positivo em US$ 3,7 bilhões. Este é o quinto mês consecutivo com superávit puxado pela balança comercial, que registrou resultado positivo de US$ 5,9 bilhões, alta de US$ 2,4 bilhões em relação a agosto do ano passado.
A balança comercial tradicionalmente apresenta superávit (mais exportações que importações) em momentos de baixa atividade doméstica, já que o país importa mais nas épocas de expansão.
As contas externas brasileiras fecharam agosto com resultado positivo em US$ 3,7 bilhões. Este é o quinto mês consecutivo com superávit puxado pela balança comercial, que registrou resultado positivo de US$ 5,9 bilhões, alta de US$ 2,4 bilhões em relação a agosto do ano passado.
A balança comercial tradicionalmente apresenta superávit (mais exportações que importações) em momentos de baixa atividade doméstica, já que o país importa mais nas épocas de expansão.
Na
prática, tanto as exportações quanto as importações diminuíram com a crise, mas
a redução no fluxo de entrada de produtos estrangeiros no país foi mais
drástica.
As
exportações foram de US$ 17,8 bilhões em agosto, recuo de 9,8% em relação ao
mesmo período do ano passado. Já as importações diminuíram 26,8%, para US$ 11,9
bilhões.
O
déficit em transações correntes somou US$ 25,4 bilhões (1,64% do PIB) no
acumulado dos últimos 12 meses, ante déficit de US$ 32,2 bilhões (2,03% do PIB)
no mesmo período do ano passado.
Veja: Desemprego no centro da batalha
eleitoral https://bit.ly/2X75FJ6
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