27 setembro 2020

Minha crônica do domingo

Sem perder a esperança jamais

Luciano Siqueira

Não a conheço, pegou meu número com um amigo comum, o primeiro contato foi uma mensagem muito atenciosa pelo WhatsApp.

- ...por tudo isso eu lhe pergunto: qual a sua fórmula?

- Fórmula!?

- Sim, por que o senhor consegue ser sempre otimista?

Liguei para ouvi-la de viva voz.

E poder me explicar...

Na verdade, não há nenhuma tese nem justificativa “científica”. O segredo, se é que podemos falar assim, está na minha militância.

Desde a adolescência descobri o fascínio da luta coletiva.

Depois, ao tentar compreender o mundo e a vida à luz da teoria criada por Marx e Engels, me convenci da justeza da luta transformadora. A Humanidade tem futuro, ainda que difícil e tortuosa seja a luta por um mundo de liberdade e fartura.

Quem pensa assim, não perde a esperança jamais.

Mesmo nos momentos mais adversos.

Com Miguel Arraes, nosso ex-governador, tive a sorte de conviver por vinte e quatro anos – do seu retorno do exílio à morte. Incontáveis conversas sobre a luta comum imediata, a formação da sociedade brasileira, os caminhos alternativos para que pudéssemos avançar.
Nunca lhe escondi meu entusiasmo. Em algumas situações, ele repetiu, numa mescla de simpatia e camaradagem:

- Você é um otimista irrecuperável!

Amiga, todos nós nos deparamos com pequenas frustrações, embaraços diversos e até alguma decepção ao longo da vida. Nada que prejudique, entretanto, a percepção do conjunto da obra.

Há um futuro promissor, sim. E cada um de nós, dentro das possibilidades pessoais, contribui colocando a sua pedra para a edificação desse futuro.

No mais, uma boa música como pano de fundo, uma “loura” supergelada ou uma lapadinha da melhor pinga, uma taça de um bom tinto ou a companhia do velho amigo escocês – à preferência de cada um – completa o clima de esperança e bom humor.

Não sei se a convenci. Mas é isso que penso. E sinto.



Viver em quarentena é um desafio https://bit.ly/2Xm2lK5

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